terça-feira, 26 de outubro de 2010

A odisseia de um domingo atípico

por Matheus Magalhães

O despertador tocou e eu não queria acreditar que já estava na hora de ir, até que passou um carro na minha rua tocando, nas alturas, “quando o elefante...rugir no Frasqueirão”. Eu precisava ver o rugido do bicho in locu. E aquilo me motivou. Começava ali minha odisseia. Levantei super disposto, tomei banho, café e liguei para saber se estava tudo certo na TV e fiquei aguardando o pontinho branco no alto da rua – leia-se a Kombi da TVU –.

Kombi que merece um parágrafo exclusivo. Insisto em dizer que ela está longe de ser o transporte ideal para redações. Grandes, barulhentas e, no caso da UFRN, quentes, já que nenhuma tem ar condicionado. Mas o parágrafo não é só para esse protesto. Acontece que me pegaram em casa às 07h30. Passados dois minutos ainda estávamos na minha rua, mas agora parados e sem combustível. Quem foi o infeliz que esqueceu de abastecer na sexta à noite? O motorista não olhou para o painel em nenhum momento? A resposta para ambas as perguntas é simples: Serviço público.

Faltando uma hora para começar o jogo estávamos caminhando em meio à torcida na Rota do Sol. Isso porque a (p#rr@ da) Kombi não passava em lugar algum. Nem na rua ao lado do posto que deveria estar liberada para a imprensa. Além de tudo não tem moral! Mas enfim...

Fonte: abcfc.com.br
Dali já comecei a trabalhar, de fato. Fiz uma passagem em meio aos carros falando do congestionamento. Por puro instinto. Fui caminhando, secando o suor com a toalhinha que levei, ouvindo os detalhes do campo pelo rádio do celular que levei e observando em cada rosto a expectativa e as marcas dos lençóis. Como na noite anterior, segui pensando no que fazer para não fazer apenas mais uma matéria de jogo, igual aos outros colegas. E ao chegar em frente ao Maria Lamas Farache. Vi que não adiantava mais. Só com a bola rolando é que eu ia saber. Resolvi então dar um passo de cada vez.

Comecei a fazer enquente com os torcedores que encaravam a fila para entrar, perguntando o básico: Placar, expectativa do jogo. Todos muitos otimistas, como já era de se esperar. No mesmo instante o nosso cinegrafista, Rodrigo, deu início ao seu árduo e excelente trabalho. Árduo porque não é fácil carregar essas câmeras pré-históricas da TVU no ombro e excelente porque ele é foda mesmo.

Entramos no Frasqueirão e seguimos com nosso trabalho, mas agora com mais um enfoque. Além das opiniões sobre o jogo decisivo, queria saber do calor. E é óbvio que parti para perguntas clichês. Como o torcedor estava se adaptando àquela situação? O que estava achando? Valia a pena? Coisas desse tipo.

Depois de pegar o colete laranja, que eu não ia usar nem fu#&@..., conversei com jogadores das duas equipes e o treinador Leandro Campos. Todos eles falaram que “com certeza” trabalharam muito, que seria difícil, mas “graças a Deus” tudo daria certo.

Com a bola rolando, fiz meu papel de discípulo do Régis Rösing. Fui para trás do gol do Águia e, após ter combinado com Rodrigo, a cada ataque perigoso, a cada bola parada eu começava a narrar o lance para que caso saísse o gol, eu fizesse uma passagem breve falando o placar. Como vocês já devem saber, no primeiro tempo, o trabalho foi em vão e ainda bem que não fui para trás do gol do ABC, porque senão tinha trabalhado ainda mais e também à toa.

Intervalo de jogo. Voltei para minha pauta do calor. Entrevistei jogadores sobre a temperatura do campo e dei uma fugidinha do sol. Encontrei Marinho Chagas e não pude deixar de entrevistá-lo. Rendeu o suficiente para entrar na minha matéria. Subimos para as cabines, em busca de um copinho d’água que fosse. Encontrei torcedores paraenses. Conversei com eles, gravando. Mas não rendeu. Ah...também achei um bebedouro. Porque o tal lanche para a imprensa devia ser “escondidinho”.

Claudemir querendo aparecer mais que eu.
Voltando ao segundo tempo. Tudo mudou. O calor aumentou e muito. E ainda bem que não foi só fora do campo. O ABC chegava mais e eu continuava tentando “prever” os gols. Até que aos 15 minutos eu notei que o lançamento de Suellinton era bom. Comecei a narrar e quando Leandrão “correu pro abraço”, eu me posicionei para a passagem. Pena que Rodrigo não tava tão bem posicionado. Mas tudo bem. Era só um treino. Valendo, mas era treino. No segundo gol, deu quase tudo, se eu não tivesse esquecido o nome dos jogadores. Mas nada que uns offs não remendassem. Terceiro gol foi aquela festa que o Brasil todo viu. Claudemir ensandecido correndo para nossa câmera e “atrapalhando”, ou engrandecendo minha passagem.

Como eu disse lá começo, levei meu celular como rádio para ficar ligado nas alterações e eventualidades da partida. Mas a cada tentativa de previsão eu precisava me livrar dele e jogava no gramado mesmo. Estava dando certo, até que depois do terceiro gol o dono levou. Perto de mim estavam os profissionais de comunicação que trabalhavam na partida, a maioria conhecidos, além de Claudemir, Leandrão, o gandula e um segurança do clube, para o qual eu perguntei se não tinha visto o celular no chão. Ele só disse que não e passou a vista no gramado. Fica a lição para mim.
Nessa brincadeira acabei perdendo o gol do Águia, mas não perdi o rebolado. Fiz meu encerramento com o placar, falando que o ABC subiu e anunciando o próximo confronto. E aí foi só entrevistar os responsáveis pela ascensão e fazer imagens da bela festa. A sensação de dever cumprido foi a melhor possível e a essa altura eu só queria almoçar e tomar um belo banho. Fim da odisseia. Em breve posto o vídeo da matéria aqui no blog.

Nenhum comentário:

Postar um comentário